Insatisfação e narcisismo são combustíveis para discurso de ódio na internet

Karina Anunciato e Michael Franco

(Foto: Antônio Lima)

Em entrevista ao Jornal das Sete, desta sexta-feira (18), o neurocientista Fabiano Abreu conversou sobre comportamento de ódio na internet. Nas últimas semanas diversos posicionamentos de artistas e anônimos chamam atenção para o discurso intimidador nas redes sociais.

Um dos exemplos foi a avalanche de críticas sofridas pela cantora Luisa Sonsa. Fãs de Whindersson Nunes atacaram Luisa, ex-mulher, depois que ele perdeu o bebê que esperava com a noiva Maria Lina, após o nascimento prematuro. O discurso agressivo proferido pelos haters (odiadores) é considerado pelo especialista excesso de tempo ocioso e a exposição de sentimentos individuais reprimidos pelos seguidores.

Fabiano Abreu (Foro: Divulgação)

“O comportamento é semântico. Você tem ódio, porque você tem ódio de si mesmo. Quando você está satisfeito consigo mesmo, com a sua vida você não tem raiva do outro. Porque o sentimento da raiva, o neurotransmissor que é o mensageiro químico da raiva ele não está ativo. Então você está numa outra atmosfera, tá em outro patamar e quem tem tempo de estar na mídia social, cancelando, negativando, fazendo discurso de ódio está com tempo sobrando, está com pouco trabalho, está com pouco estudo e está insatisfeito com a própria vida, isso é muito óbvio”.

Além do comportamento agressivo proferido por anônimos nas redes, existe ainda o discurso de raiva de artistas para com outros artistas na internet. A intolerância, a falta de empatia e pseudo transferência de cobrança por causas sociais são também terreno fértil para a autopromoção mascarada de militância.

“O que me preocupa é que tem artistas que estão de fora e buscam nesse sentimento negativo uma maneira de aparecer. Ou seja, se você for analisar quantas pessoas públicas estão usando esse ódio para poder aparecer, ser visto… o narcisismo está tão potencializado, tão intenso naquele ser, que ele prefere ser visto de maneira negativa, mas ele quer ser visto”.

Um dos caminhos indicados pelo neurocientista para fugir do cancelamento, do discurso de ódio na internet é realizar uma autoanálise do próprio comportamento e evitar as mídias sociais.

“Primeiro deve pensar se não precisa de uma terapia, eu consigo fazer um autoconhecimento? Ter uma análise sobre mim mesmo e reconhecer o que eu sou e o que eu faço, para que eu possa parar de fazer. Ser inteligente é usar a inteligência emocional. É perceber o seu erro e tentar consertar antes mesmo de procurar um profissional da saúde. E desliga a mídia social. Se você sente que está usando a mídia social para agredir alguém, mesmo que aquela pessoa possa estar errada na sua concepção, então não faça. Desliga a mídia social”. 

 A entrevista completa com Fabiano Abreu, você confere aqui: