Pós covid: problemas cardíacos surgidos na fase inflamatória podem persistir durante a recuperação

Karina Anunciato e Michael Franco

Covid-19, inflamação no coração pode levar a infarto. (Foto: Ilustração)

O novo coronavírus continua intrigando profissionais da saúde sobre as consequências que a doença pode trazer ao organismo dos pacientes pós-covid. Perda de olfato, cansaço, falta de fôlego, perda de memória são algumas alterações relatadas por quem enfrentou a covid-19 e busca a recuperação. Órgão vital, o coração sofre com a falta de oxigenação e com o processo inflamatório da doença que já tirou a vida de 461 mil brasileiros no país desde o início da pandemia, de acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, do dia 30 de maio. 

Gabriel Doreto, presidente da Sociedade Estadual de Cardiologia (Foto: Arquivo Pessoal)

Cardiologista, presidente da Sociedade Estadual de Cardiologia, Gabriel Doreto explicou que problemas cardíacos surgidos durante a fase inflamatória da doença podem persistir na recuperação.

“Nós sabemos que 1/4 dos casos na fase aguda do covid pode ter um acometimento cardíaco e muitas vezes esse acometimento pode persistir na fase crônica, que nós chamamos de pós-covid. Temos visto muito, na prática clínica, pacientes reclamando de coração acelerado – que nós chamamos de taquicardia. Outros sintomas que podem surgir com acometimento cardíaco é a falta de ar, são as variações pressóricas, o descontrole pressórico que não havia antes da doença. E sintomas como dificuldade de fazer as atividades habituais, como cansaço, fraqueza que podem ser devido a acometimentos do coração”.

Em entrevista ao Jornal das Sete, desta segunda-feira (31), o cardiologista frisou ainda que a exemplo de outros países como Itália, China e Estados Unidos que também tiveram grande número de contaminados pela covid-19 é preciso traçar estratégias de tratamento da doença através de práticas multidisciplinares.

“Por isso, o acompanhamento do pneumologista, do cardiologista, do neurologista, do gastroenterologista. É uma doença que acomete praticamente todos os sintomas, e que nós vamos ter que nos preparar agora no sistema público de saúde e também no sistema privado para atender esses pacientes de uma forma particularizada, porque são pacientes muito específicos.”

Homens x Mulheres

Comparativamente entre homens e mulheres, Gabriel Doreto relatou que estudos na área indicam a paridade no acometimento da doença para ambos os sexos. No entanto, o cardiologista destacou o alerta para os homens, já este grupo é mais suscetível às formas mais graves.

“O que nós sabemos é que os pacientes do sexo masculino têm uma tendência de evolução com maior gravidade, ou seja, de necessitar de mais suporte de terapia intensiva, de UTI, e esse número a depender do trabalho é maior 2 a 3 vezes em relação as mulheres”.

A entrevista completa com Gabriel Doreto, você confere aqui: