Sobre pedido de prisão, Villasanti resume “desestímulo muito grande para o policial”

Karina Anunciato

Esta semana, o pedido de prisão pelo Ministério Público de quatro policiais militares do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) após uma denúncia de abuso de autoridade em uma ação no Bairro Aeroporto, em Campo Grande, acendeu o debate em torno da atuação dos órgãos de controle externo da atividade policial e o limite da segurança jurídica da atuação dos militares nas ruas.

A denúncia vinda das supostas vítimas, abordadas pela suspeita de tráfico de drogas, não foi aceita pela Justiça. No entanto, como medida contra os quatro policiais, eles foram afastados do policiamento ostensivo nos bairros: Aeroporto e Vila Popular. O vereador e policial militar da reserva, Coronel Alírio Villasanti, conversou com o Jornal das Sete sobre este assunto. Especialista na área da segurança pública, o militar reafirmou a inversão de valores na avaliação do caso.

“Primeiro que é uma inversão de valores, o que é certo passa a ser errado e o que é errado passa a ser certo numa sociedade que cotidianamente debate essas questões. Segundo, é um desestímulo muito grande para o policial que está na linha de frente que diariamente combate a criminalidade e em particular o tráfico de entorpecentes, que nós sabemos é um dos crimes que mais impacta a sociedade sob todos os aspectos econômico, social. Você restringir uma ação policial, estabelecer medidas que possam desestimular o policial, isso é muito ruim, até porque baseia-se que a ação policial é em cima da técnica, é em cima da legalidade, em cima do interesse comum da sociedade”.

Ele que conheceu de perto o enfrentamento ao tráfico de drogas – na ativa atuou no DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e como comandante do Batalhão de Polícia Militar de Corumbá – explicou como o crime se articula para dissimular o ilícito e ressaltou o impacto negativo para a população que vive próxima de uma boca de fumo.

“Eles utilizam desta aparente normalidade, aparente domicílio, que em tese são famílias que residem normalmente, para dissimular e com isso atingir o seu intento. A chamada boca de fumo traz um impacto muito grande e traz a intranquilidade para as pessoas que moram nas imediações. Só quem convive e que está ao lado deste tipo de ilicitude que consegue mensurar o impacto danoso que isso tem sob todos os aspectos, sobre tudo sobre a segurança daquelas pessoas que moram ou mesmo frequentam, transitam por aquele local”.

Quanto à avaliação do Ministério Público, neste caso específico, Villasanti acredita se tratar de um caso isolado e que o órgão tem cumprido sua função constitucional de fiscal da lei.

Em apoio a Polícia Militar – em especial ao Batalhão de Choque – nas redes sociais tem surgido uma movimento intitulado “Eu quero o Choque no meu bairro”. Para o vereador esta é mais uma prova da credibilidade da polícia no estado.

“Primeiro a criatividade e isso é fruto do trabalho que vem sendo executado e as pessoas conhecem a seriedade. Eu estive outro dia no Choque conversei com o Comandante, com alguns integrantes de lá, num bate-papo informal e eu conheço a atividade de longa data. Sei da seriedade, do comprometimento, da dedicação desses profissionais, só quem convive é capaz de mensurar”. 

O vereador falou ainda sobre os órgãos de controle interno e externo da atividade policial; da audiência de custódia no processo legal como mais um dos pontos sensíveis para atuação diária da polícia.

A entrevista completa com Alírio Villasanti você confere aqui: